domingo, 15 de abril de 2012

37ª e 38ª aulas - Curso Piloto de Parapente

Nesse fim de semana fomos pra Jaraguá/GO para conhecer a rampa.

A cidade é considerada uma das melhores para o voo livre no país.  Na temporada (começa em junho) consegue-se facilmente atingir 100km de voo...O diferencial é que pra qualquer lugar que você decida voar existem estradas de asfalto e com grandes desprendimentos de térmicas...

No sábado fomos conhecer a estrutura da rampa e fazer o reconhecimento da área.  A previsão era de tempo fechado, sem esperança de longos voos.  Fizemos o prego de estréia e estávamos com a esperança que talvez o clima melhorasse, o que não aconteceu...Aproveitamos então para fazer mais 2 voos prego...

Hoje o tempo não estava muito diferente mas decidimos arriscar...Fizemos um prego na parte da manhã e voltamos pra rampa próximo ao meio dia pra tentar pelo menos um voozinho descente...

Consegui fazer um voo de mais ou menos 40 minutos, não conseguindo ficar mais tempo no ar. Um outro aluno foi um pouco mais longe e o restante pregou.  No mês de julho ocorrerá o campeonato XCerrado na localidade e eu, já como piloto (faço o SIV em junho e concluo o curso), estarei presente.

Devo ficar praticamente um mês sem voar, já que vou prestar 2 importantes concursos em junho e preciso me preparar...



quinta-feira, 12 de abril de 2012

36ª aula - Curso Piloto de Parapente

Hoje fui voar com outros 2 pilotos aqui da região.  Chegamos na rampa cedo e já havia vários pilotos aguardando a condição ideal para decolar...Fomos conferir os equipamentos do carro e descobrimos que o carregador do GPS tinha queimado e que tínhamos pouco tempo de carga...

Decolamos quase ao mesmo tempo e logo pegamos uma térmica...Essa hora percebi o quanto performance faz diferença...Os caras começaram a subir muito rápido e minha vela não conseguia acompanhar...Quando eles chegaram na base das nuvens eu ainda estava a uns 200 metros abaixo...

Eles tiraram pra outra térmica e eu continuei enroscando até chegar na base.  Tirei pra térmica que eles tinham encontrado e quando cheguei nela eles já estavam quase na base...O detalhe é que, como minha vela é mais lenta, demorei chegar na térmica e, quando cheguei, já tinha perdido muita altura.  O bom é que eu já tinha chegado sobre o asfalto, com a esperança de bater meu próprio recorde de distância...

Novamente eles tiraram e eu continuei enroscando...O pessoal encontrou outra térmica e quando ganhei altura suficiente, segui ao encontro deles...O problema é que não tive performance o suficiente pra chegar até a térmicas em que eles estavam e pousei a uns 300 metros antes de alcançá-la...Foi frustrante mas eu tinha consciência que não conseguiria acompanhá-los por muito tempo...

Quando fui passar minhas coordenadas para o resgate ele me disse que o GPS tinha ficado sem bateria.  Dei a descrição do local onde eu estava e em que direção eu me localizava em relação ao asfalto.  Depois de quase meia hora sem que ele me encontrasse, comecei a caminhar em direção ao asfalto, na esperança de conseguir novos pontos de referência para que o resgate me encontrasse...

Descobri que estava num local chamado "Vila Palma" e passei essa informação pro resgate. O problema é que ele estava rodando dentro dessa vila e não me achava...Da estrada onde eu estava, já conseguia ver a BR e tentava ajudar o resgate a me encontrar passando várias referências...Apesar de passar pra ele exatamente onde deveria entrar, usando como referência a estrada que ia pra rampa (meus mapas do GPS possuem todas as estradas de terra da região) ele não conseguia me achar...

Depois de andar mais de 3 km, parei num pequeno bar e perguntei o quanto faltava pra chegar ao asfalto.  O dono me ofereceu uma carona até o asfalto, já que faltava ainda uns 2 km...Passei pro resgate que estaria chegando ao asfalto, poucos metros da entrada que vai pra rampa e quando faltava uns 50 metros pra chegar ao asfalto a caminhonete entrou na estrada...Ficamos quase 2 horas nessa brincadeira...

Enquanto isso o pessoal do bonde já tinha reportado que havia pousado em Planaltina de Goiás (Brasilinha).  Pegamos a BR para resgatar a galera...

Estou ficando especialista em resgates difíceis...rsrs

No final de semana iremos conhecer a rampa de Jaraguá/GO

sexta-feira, 6 de abril de 2012

35ª aula - Curso Piloto de Parapente

Hoje fui pro Paranã com outros 2 pilotos (o Will e o Emílio). A condição estava fraca e só decolamos depois das 2 horas... Nessa hora já éramos mais de 10 pilotos na rampa...

Consegui me sustentar no lift mas sem ganho de altitude. O pessoal mais experiente jogou pra mais próximo do GAP.  Eu e outro piloto (Wellington) começamos a perder altura na frente da rampa e jogamos em direção ao pouso oficial. O Wellington foi perdendo altura até pousar. Eu, ao chegar sobre o antigo pouso oficial, peguei uma térmica bem fraca e depois de ralar muito consegui sair de -135m pra -1m em relação à rampa.

Como não estava conseguindo ganhar mais nada e percebendo que o Emílio e outro piloto estavam um pouco mais pra dentro do GAP ganhando altura tentei arriscar chegar até eles. Como estava sem vento e minha vela não tem muita velocidade cheguei na metade do caminho com -137m. Decidi então não arriscar e garantir o pouso.

Voltei em direção ao pouso oficial e cheguei lá ainda alto. Fiquei fazendo manobras em S até me posicionar para o pouso. Fiz o pouso sem problemas... Consegui uma carona até uma vendinha e de lá consegui outra até Formosa. Como os outros pilotos partiram em direção à Brasília, dispensei o resgate para que ele pudesse seguir os meninos e peguei um busão até Sobradinho. O Emílio pousou próximo à lagoa e o safado do Will pousou em Sobradinho...

Hoje senti muita segurança no voo. Acho que o fato de ter vários pilotos decolando ao mesmo tempo e algumas vezes birutando pra gente na frente da rampa fez com que eu me sentisse muito tranquilo apesar do susto de quinta. O importante foi não me deixar abater pelo que aconteceu ontem...É tirar a lição do fato e bola pra frente.

Quando encontrei com o Will em Sobradinho ele me disse que, com a altura que eu estava sobre o antigo pouso oficial (-1m) eu poderia ter jogado pro passaporte (outro paredão, a mais ou menos 5 km da rampa) pra tentar o lift lá, já que com essa altura e caso não conseguisse nada lá ainda daria pra chegar sem problemas no pouso oficial. Agora vou demorar pra treinar/voar já que tenho viagens confirmadas pros próximos 3 finais de semana...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

34ª aula - Curso Piloto de Parapente

Hoje enfrentei meu primeiro grande desafio no esporte...

Depois de quase 1 mês sem voar fomos eu e meu instrutor para o Vale do Paranã. Até quarta éramos 3 pilotos mais o instrutor, só que não tínhamos o resgate.

Como não conseguimos um resgate e um dos alunos não queria participar de um sorteio pra ver quem ficaria sem voar e seria o resgate, tivemos que abortar o voo de quinta...No meio da manhã de quinta meu instrutor me ligou pra saber se ainda gostaria de voar já que seu pai faria o resgate. É claro que topei na hora...

Chegamos lá e a condição estava bem fraca. Aguardamos até o vento ficar um pouco mais estável e decolamos por volta das 14hs. Não consegui me sustentar no lift e comecei a perder altitude. Na vontade de continuar em voo, fiz a volta e encostei no paredão pra ver se conseguia sustentação. Pra piorar, peguei uma descendente de 3m/s e tive que tomar a atitude de pousar por ali mesmo... O pouso foi tranquilo, só que agora eu estava a quase 6 km da estrada mais próxima tendo uma mata fechada pra atravessar...

Até aí, tudo bem...Dobrei o equipamento e comecei a caminhada. Por sugestão do instrutor, peguei uma trilha à esquerda ainda na parte tranquila do cerrado e depois comecei a descer a serra seguindo à direita...Fui descendo até encontrar uma vala que, apesar de pequena, não teria condições de pular sobre ela devido ao grande declive. Fui deslizando até entrar na vala mas não conseguia mais sair...Gastei um tempão e todas as minhas energias para conseguir sair de lá. Quando consegui subir toda a inclinação eu estava tão esgotado que comecei a perder a consciência. Tentei respirar com calma e me concentrar pra não desmaiar naquele local. Aproveitei pra tomar um pouco de água e comer alguma coisa. Percebi também que tinha torcido o tornozelo na queda. O grande problema aqui era o peso do equipamento, mais de 20 kg, que prejudicava consideravelmente a locomoção.

Passado o primeiro susto, continuei a caminhada, descendo e sempre à direita, até chegar num paredão de aproximadamente 30 metros de queda. Percebi que dali não conseguiria fazer mais nada...Liguei para o resgate dos bombeiros, que iriam acionar o helicóptero. Conversando com meu instrutor pelo rádio, ele pediu para dispensar o resgate por enquanto, pois ele tentaria chegar até o local onde eu estava e, caso não conseguisse, aí sim confirmaríamos a solicitação do resgate pelos bombeiros. Isso já era 15:30hs. Um pouco mais de meia hora depois, conversando com meu instrutor pelo rádio, consegui localizá-lo na mata a aproximadamente 2 km de onde eu estava e sinalizando sobre minha localização ele percebeu que não conseguiria chegar até mim. Ligamos novamente para os bombeiros e o helicóptero foi acionado. Pra piorar, acabaram a água e a comida...

Quando já eram 17:10hs recebemos a informação que o helicóptero foi acionado para resgatar uma vítima de um grave acidente na rodovia e que, até levar a vítima ao hospital e voltar, já seria começo de noite e eles não poderiam fazer o meu resgate. Recebi instruções para encontrar um local fora da mata fechada para passar a noite...

Como já estava a quase 2 horas descansando e o tornozelo já estava doendo menos, busquei as últimas forças para subir o morro novamente e tentar contornar o vale. Fui andando sempre à direita, buscando sempre andar em direção da estrada de terra mais próxima que meu GPS indicava. A cada parte do vale que encontrava, eu subia novamente e tentava contornar sempre à direita... Nisso o sol já estava indo embora e a visibilidade dentro da mata fechada já estava quase zero.

Depois de quase 1 hora de caminhada, encontrei o leito de um antigo rio e, após atravessá-lo, percebi uma antiga estrada, já dominada pelo mato, que certamente era utilizada por veículos para chegar até o rio...Comecei a andar por ela, na certeza que chegaria em alguma estrada de terra ainda utilizável. A luz da lua auxiliava na pouca visibilidade que tinha. Um grande problema que enfrentei foi passar por várias cercas de arame farpado... A dificuldade de jogar o equipamento por cima das cercas era tão grande que por várias vezes pensei em deixar o equipamento na mata... O que me ajudou muito foi a motivação que meu instrutor me passava pelo rádio...

Apesar de não aparecer no GPS, consegui encontrar uma estrada de terra que sairia, de acordo com o GPS, na estrada de terra roteável... Passei a informação para meu instrutor do ponto onde as estradas poderiam se cruzar e depois de andar mais 800 metros consegui enxergar os faróis da caminhonete...

Às 19:20hs fui resgatado muito desidratado e com muita dor nas pernas e tornozelo...

Agradeço ao meu instrutor pela paciência de me aguardar e pela motivação que me ajudou a prosseguir caminhando. Aos bombeiros de Formosa pela preocupação, inclusive em me ligar à noite pra saber se tinha conseguido ser resgatado. Ao Peixe, piloto de Brasília, por ter sido a ponte entre nós e os bombeiros do DF para tentar agilizar o helicóptero. À Deus, por ter me dado forças para sair dessa situação inusitada e que, se possível, não volte a acontecer...

Espero que esta situação me sirva para determinar os limites de planeio da minha vela e a responsabilidade de analisar as áreas de pouso e possíveis consequências de um pouso em local desconhecido. Vale ressaltar a importância de se utilizar os equipamentos essenciais, GPS e Rádio. Se não fosse por eles, talvez seria impossível sair daquele local em apenas um dia. Também a importância de mantê-los sempre com a carga máxima das baterias...Percebi também a necessidade de carregar uma lanterna e uma faca, equipamentos que poderiam ter me ajudado a sair daquela situação com mais rapidez...

Acho que é isso...Já tomei um anti-inflamatório e apliquei um gelol aerosol na panturrilha e no tornozelo, na esperança de estar sem muitas dores amanhã, já que estou confirmado no bonde de voo...rs

PS.: Gostaria de deixar registrado meu agradecimento aos amigos pilotos que estavam na rampa no fim da tarde para tentar um voo noturno sob a luz do luar, que enumeraram todos os animais que poderiam me atacar e os perigos de se passar a noite na mata. Isso foi fundamental para minha decisão de sair dali para conseguir dormir em casa...rsrs